Hoje tive um dia diferente e, além da receita, tem muita coisa legal que vou contar pra vocês.
Acordei com o despertador falando "Está na hora de acordar, são 7h". Nossa, que sono! Em pleno sábado eu acordando as 7h! É que meu pai, o Marcelo e o Felipe estavam indo para Morretes de trem para assistir o jogo do atlético e eu levantei para levá-los na ferroviária. Arruma a cama, coloca uma roupa quente, arruma a mochila para a viagem e de repente o Fe diz que não quer ir, que é muito cedo. Depois de um stress básico falei: Ok, eu vou. Nunca andei de trem e estou com vontade de ter um dia diferente! O Marcelo adorou e lá fomos nós!
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Eu, o Marcelo e meu Pai |
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A ferroviária estava cheia, pessoas de Porto Alegre, Santa Catarina, São Paulo entre outros lugares. Não pensei que teria tanta gente e em fila fomos conduzidos para o vagão 14. As poltronas não eram tão confortáveis de maneira que não daria para dormir nas quatro horas que estaríamos viajando.
O trem logo saiu e imaginei que sua velocidade era tão lenta por estarmos na cidade. Ficamos olhando a paisagem de Curitiba, passamos por Pinhais, autódromo, Piraquara, muito legal. Foi então que vi uma placa que dizia: "VELOCIDADE MÁXIMA 25 KM/H" Meu Deus, vamos demorar muito para chegar lá. E demoramos mesmo, foram 4h de viagem.
O passeio é lindo, com lugares belíssimos e de um lado para o outro no vagão fomos vendo a bela e majestosa natureza da Serra do Mar.
Chegamos 12h 30min e pensei que seria melhor eu voltar para Curitiba de ônibus de Morretes em vez de ir até Paranaguá para ver o jogo de futebol e voltar de noite. Comprei a passagem para as 15h.
Almoçamos no restaurante "O Casarão" e comemos o delicioso barreado com tudo que tínhamos direito.
Saímos do restaurante e fomos passear pelas ruas de Morretes, mas logo o pai e o Marcelo seguiram viagem e fui para a Rodoviária.
No ônibus, sentei na última fila e ao meu lado estavam um rapaz e um menino no colo que me chamou a atenção. Fiquei observando o menininho e seu pai. O pai pegou um pacote de pipoca doce e os dois começaram a comer e quando olhei de novo o menino já tinha adormecido.
Perguntei ao rapaz se ele queria deitar o menino em seu colo e colocar as pernas dele no meu colo e ele disse que não precisava que estava bom daquele jeito.
Então comecei a conversar com ele:
- Ele é seu filho? Perguntei.
- É, é meu filho.
- E vocês vieram sozinhos?
- Viemos sim.
- Ele mora com você?
- Mora sim, eu e ele.
- E a mãe dele?
- A mãe dele não quis ele.
Devo ter feito uma cara de espanto, como assim a mãe não quis ele?!
- Nossa, não quis?
- É, quando ele tinha 6 meses ela me ligou e disse para eu ir buscá-lo porque ela não queria mais ele.
- E ai?
- Ai eu falei que se ela estava deixando ele, eu queria a guarda dele.
Continuei olhando sem ter o que falar.
- Ela concordou e ela mesma foi no cartório fazer o documento que me dava a guarda. Desde então moramos eu e ele.
- Deve ter sido muito difícil não é?
- Foi, foi muito difícil. Eu não sabia muito o que fazer e tinha que trabalhar, as vezes ia com sono para o trabalho e tinha que acordar cedo e deixar ele na creche. Mas agora tá tudo bem, ele é um garoto muito tranquilo.
- Você trabalha com o que?
- Sou eletricista, trabalho para uma empresa que presta serviço para a copel.
- E ele pergunta da mãe?
- Não, ela vem ver ele de vez em quando, mas um dia ele vai querer saber da mãe dele e vou ter que falar, né?
- É, ele tem o direito de saber.
- É, não tenho raiva dela sabe, mas vou falar a verdade para ele. Ele é que vai decidir o que achar da mãe dele.
- Quantos anos você tem?
- Eu tenho 30.
- E ele?
- Ele tem 2 anos e 6 meses.
- Ele é lindo, tem olhos verdes, né?
- É, ele parece com a mãe.
- E vocês vieram passear?
- Sim, sempre que posso programo um passeio com ele. Hoje viemos de trem e já estamos voltando. Semana que vem quero levá-lo para a ilha do mel, mas lá vamos dormir, porque é muito longe.
- Tomara que esteja sol. Ele gosta de praia?
- Gosta.
Nisto o menino acorda e pergunto seu nome.
- Como é seu nome?
Ele não responde, mas o pai diz:
- É Brian.
Disse "oi Brian", mas ele se manteve calado e o pai dizia, diga oi, e nada...
- Eu chamo ele de Pelotinha, ele é meu Pelotinha.
- Ah! É... Você é o Pelotinha do papai?
Ele fez que sim com a cabeça. Foi então que ele viu um cavalo pela janela e disse olha papai um cavalo.
- Ele gosta muito de cavalos, um dia desses levei ele para ver uma corrida no Jóquei, mas ele não pode ir perto dos cavalos. Disse o pai.
- Que pena! Quem sabe na escola do Jóquei ele possa ver de perto um cavalo.
Fiquei ali conversando com o pai e observando aquela criança linda, um mulato de olhos verdes que estava aninhado no colo do pai que por sua vez estava abraçando aquele menino com todo amor que um pai pode ter por um filho, com muita disponibilidade, com muita suavidade e muito maternal. Fiquei impressionada com a relação dos dois, com a cumplicidade, facilidade e harmonia que os dois tinham. Quanta importância tinha aquele pai para aquele menino, mas acho que maior ainda era a importância do menino para o pai, pois ele finalizou nossa conversa assim:
- Não sei mais viver sem ele!
Chegamos na rodoviária, nos despedimos e terminei meu dia com a imagem daquele menino passeando com seu pai.