QUE NÚMERO ELA CALÇA?
A seguir mostraremos uma parte de um projeto bimestral com o título VOLTA AO MUNDO onde começamos a viagem pelo Brasil. Observe a maneira como o projeto é conduzido e a postura da professora frente aos questionamentos de seus alunos. A História está no desenvolvimento do projeto.
Objetivos
- Encontrar estratégias para resolver um problema.
- Valorizar os questionamentos levantados pelas crianças.
- Coletar dados e organizá-los em tabelas e gráficos.
- Ler e comparar informações de tabelas e gráficos de barras.
Conteúdo
Tratamento da informação: Tabelas e gráficos.
Leitura e interpretação
Ano
2º ano.
Material necessário Papel, régua, lápis, cartazes e cópias com as tabelas e os gráficos que serão trabalhados.
Tempo estimado
Três aulas.
Desenvolvimento
Em nossa roda de conversa pedi que eles pegassem um livro para fazer a leitura de uma das partes da história de uma menina indígena. Enquanto eles estavam olhando e conversando sobre a menina, uma das crianças me pergunta: “Kátia, que número ela calça?” Por um instante fiquei pensando o que responderia, pois sabia que esta informação não constava no livro. A foto do livro mostra a menina descalça com os dedos separados em virtude do hábito de andarem descalços.
Somente a curiosidade, o interesse alimenta a motivação e possibilita a aprendizagem. É preciso desequilibrar o aprendiz para que ele mobilize-se para aprender. (...) É o não-saber o grande responsável pela possibilidade de sabermos algo. (Barbosa, Laura M. S., 2007, pg 17)
Logo todos começaram a dar seus palpites e foi aquele alvoroço. As crianças falavam o número do seu calçado, outras nem sabiam e comecei a questioná-los, “Que número vocês calçam? Ela tem a mesma idade de vocês? Vamos ver se esta informação consta no livro?” Eles ficaram interessadíssimos na questão e resolvi dar continuidade para chegarmos juntos a uma conclusão, que eu já sabia, não tinha uma resposta.
Conforme Delval (2001, p 113), o papel do professor não é dar as soluções corretas, mas servir de guia na busca e colocar o aprendiz em confronto com a insuficiência de suas explicações, apoiado na autoridade daquele que sabe, não daquele que manda.
Iniciei a leitura do livro em sala para procurarmos a informação sobre o número do calçado e pedi que terminassem a leitura em casa e junto pedi sugestões de como faríamos para descobrir se eles não encontrassem nada. Ninguém encontrou nada, mas vieram muitas sugestões, como: “Falando com ela”; “colocando um sapato para ela provar”; “Minha irmã tem a mesma idade da Celina e calça 33”; “Olhando o pé do Lucas, porque ele tem 9 anos”; “Procurando em livros e na internet”. Também tiveram aqueles que responderam que deveríamos perguntar para as crianças que tem a mesma idade dela, 9 anos. E foi o que fizemos.
Desenhei pés em um papel de cor e pedi que eles olhassem a sola do calçado para escrever no papel o número do sapato. Com os dados montamos uma tabela para em seguida organizarmos o nosso gráfico. Ele ficou assim:
Depois do gráfico do grupo do 2º ano pedi que perguntassem na escola para crianças de 9 anos que número elas calçavam. Com essa informação construímos o segundo gráfico, este com o número do sapato das crianças de 9 anos. Coloquei no mural da sala para que eles, com frequência, fizessem a análise e síntese destas informações.
Percebemos que com o gráfico a interpretação das crianças é mais fácil, concreta e visualmente ele é um organizador. Ele é uma maneira de representar visualmente dados numéricos relacionando grandezas.
Queríamos uma resposta. Depois de terminado o gráfico das crianças de 9 anos, chegamos no momento em que teríamos que decidir o lugar que colocaríamos o pé da Celina no gráfico. Foi então que uma das crianças disse: “Eu tenho 7 anos e calço 32, acho que a Celina calça 34.” Quis saber qual era a lógica de seu raciocínio e comecei a questionar o por quê quando ela me disse: “Quando eu tiver 9 anos vou calçar 34, então a Celina calça 34. O grupo adorou a ideia e seu raciocínio. Foi unânime, parece que estavam torcendo para que encontrássemos uma boa explicação para toda nossa pesquisa. E encontramos.
O gráfico ficou assim:
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNBK0sCX85oFp5MKoqaM3hv0Kkuu3z6TOWq2hlsO0K5qop6ZxaY31wvsoAyrpQBcp86injaX6m7kUtU0MBbQgXY6qovr12xXQQUVfYS8Oimgb-v2cRHlJbMjqKnAEm54bCFDDNi1UcgSqh/s400/SAM_0487.JPG)